Thursday, October 15, 2009

HÁ 40 ANOS ATRÁS heróis de 68/69-UNIÃO DE TOMAR


O primeiro e único clube do distrito de Santarém, até agora, a marcar presença na primeira divisão, o U. Tomar, vai homenagear sexta-feira os elementos da equipa de 1968/69, que terminou o campeonato na 10.ª posição.

"Era uma equipa com muito valor, com grandes jogadores. Hoje era uma equipa para jogar para a Europa", assegurou o mítico guarda-redes Conhé à agência Lusa, 40 anos depois da estreia do clube nabantino na alta roda do futebol português.

Após a época que "despertou as mentalidades", segundo o antigo defesa-esquerdo João Barnabé [na foto], o U. Tomar repetiu a presença no escalão máximo em outras cinco épocas: 1969/70, 1971/72, 1972/73, 1974/75 e 1975/76.

"Não somos saudosistas mas é sempre bom ser reconhecido por algo de bom que fizemos", disse à Lusa João Barnabé, realçando que nessa temporada apenas o Varzim e o Benfica bateram a equipa tomarense por duas vezes e antevendo um encontro, no Cine-Teatro Paraíso, em Tomar, "com bastante alegria e boa disposição".

A estreia do clube foi abrilhantada com a vitória sobre o Sporting (2-1) em Tomar e os empates conquistados nos terrenos dos leões (2-2), FC Porto (1-1) e Belenenses (1-1), tornando os nomes dos jogadores "muito badalados".

"Até os Parodiantes de Lisboa faziam uma canção ao sábado com os nossos nomes: Conhé, Kiki, Caló, Barnabé e por aí fora. Parecia uma orquestra, com a musicalidade dos nomes", recordou Barnabé, que, aos 61 anos, dirige a escola de formação de futebol "FootEscola" e nos últimos cinco anos foi seleccionador português de futebol de rua.

Quarenta anos depois, tal os resultados, os ex-jogadores do clube recordam as "muitas histórias que ficaram por contar". "Se cada um contasse só uma que fosse tenho a certeza de que daria 'best-seller'", garantiu João Barnabé, que rumou ao União após ter vestido durante três épocas a camisola do Sporting.

Multado por beber copo de leite

Entre as muitas histórias, conta-se a da multa ao guarda-redes Conhé, por beber um copo de leite às 22:55 num café da cidade, quando estava a cinco minutos de casa, ou a presença de um gravador no balneário da equipa após a derrota caseira com o Benfica (0-4) na última jornada do campeonato, que valeu o título nacional aos encarnados, numa tentativa dos dirigentes do clube tomarense descobrirem quem teria incentivado "com um cheque" os jogadores a ganharem ao Benfica.

"Eu nem conto, mas garanto que é verdade", atestou Conhé, de 63 anos, lamentando que entre as "histórias diabólicas" persista na memória o "castigo saloio" e "rigoroso" pelo suposto atraso na hora de recolher a casa, sob a atenção de treinador e dirigentes: "Eles viram-me a beber um copo de leite, nem era uma cerveja, mas mesmo assim fizeram questão de me multar."

Presente na memória do ex-treinador de guarda-redes do V. Setúbal, que jogou em Tomar enquanto cumpriu serviço militar na Escola Prática de Cavalaria de Santarém, o empate nas Antas, que "tirou o título ao FC Porto": "Joguei meia hora com a mão partida e ninguém deu por isso, só eu."

O União Futebol Comércio e Indústria de Tomar, que completa 95 anos a 4 de Maio, ocupa actualmente a segunda posição na Divisão de Honra da Associação de Futebol de Santarém, com 34 pontos, menos nove de que o líder, o Riachense.

PLANTEL 1968/69

Guarda-redes

Arsénio
Conhé

Defesas

Kiki
Caló
Faustino
Barnabé
Dui
Santos

Médios

Ferreira Pinto (capitão)
Bilreiro
Cláudio
Araújo

Avançados

Leitão
Alberto
Totói
Vicente
Lecas

Treinador

Oscar Tellechea


Equipa-tipo: Arsénio; Kiki, Caló, Faustino, e Barnabé; Ferreira Pinto (cap.), Bilreiro e Cláudio; Leitão, Alberto e Totói

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