Friday, January 25, 2008

ANTONIO SERGIO NA RADAR-ENTREVISTA AO DN


Entrevista a António Sérgio (radialista): "Não tenho jeito para a televisão"


CATARINA VASQUES RITO
NATACHA CARDOSO (imagem)
O seu programa A Hora do Lobo acabou ao fim de dez anos no ar, na Rádio Comercial, porque, segundo a estação, não se encaixava na nova grelha. Foi realmente este o motivo?

O argumento foi esse. Que o meu programa não tocava a playlist da rádio. Mas os directores de programas mudaram e os administradores também. Enquanto me deixaram fazer a minha emissão, as coisas correram muito bem, a partir do momento em que me vêm dizer que A Hora do Lobo já não era adequada à nova grelha que vai entrar e que, em simultâneo, a minha voz já não faz parte do alvo etário a que se destina, então o fim era óbvio. Cheguei a ter o director de programas a dizer que era difícil imaginar-me à tarde a apresentar Shakira ou João Pedro Pais. Isso fica para quem o diz. Porque a seguir, se a SIC o quiser, estou a apresentar, em voz off, a Floribella, que não é para o meu grupo etário. É tudo uma questão de colocação de voz... Há um certo amargo na situação, principalmente na parte do " já não serve"!

Mas está de volta à rádio com o programa Viriato 25, na Radar. Como surgiu esta oportunidade?

Depois de resolver toda a questão logística com a Comercial, comecei a falar com pessoas. Houve uma hipótese na Antena 3, mas era para um horário madrugada dentro. Entretanto, falei com o Luís Montez da Radar, que acaba por ser o meu mentor porque nos encontrámos ao fim de dez anos, visto que foi ele que me levou para a Comercial em 97, para fazer A Hora do Lobo. E agora voltamos a encontrarmo-nos. Nesta altura, ele tinha uma proposta para mim, que eu considero de prime time [risos], que é fazer um programa das 23.00 à 01.00. Inicialmente, até era para ser das 22.00. E o mais curioso é que recebo imensas mensagens a dar-me os parabéns, por estar de volta.

Porquê Viriato 25?

Quando chegou a altura de decidir o nome do programa, levei uma lista para falar com o Montez, alguns deles ligados à Hora do Lobo, porque me era difícil fechar esse ciclo. No meio das várias hipóteses pensadas com a minha mulher, escrevi o nome da rua da sede da rádio e o número da porta. O Montez achou piada e ficou.

Começou a fazer rádio na Renascença em 68, onde ficou até 79, e passa para a Rádio Comercial nessa altura, onde fica até 93. Foi aqui que fez programas que ficaram na história como o Som da Frente ou o Loiras, Ruivas ou Morenas...

Foi uma época muito feliz.

Foi nesta altura que conhece a sua mulher e colega de trabalho, Ana Cristina ?

Não. Já nos conhecíamos. O nosso encontro foi em Londres.

Chegou a fazer, na década de oitenta, um programa de televisão com o apresentador Luís Pereira de Sousa....

Isso foi uma espécie de aventura. Foi onde percebi que não tinha jeito para a televisão.

Trabalhou várias vezes com a sua mulher. É uma parceria de sucesso?

É a parceria correcta. A Ana Cristina tem a sua carreira, é consultora de informática, para ela a rádio é mais um hobby do que outra coisa. Claro que existe o facto de ela saber que gosto de ter companhia no trabalho que faço, e a dela especificamente, o que acabou por ser uma parceria que dava resultado. Sempre fui muito intuitivo e ela era uma excelente executante, principalmente em emissões especiais, em que era preciso organizar e esquematizar.

Todos os seus programas foram sobre heavy metal ou música alternativa?

Não. No programa Loiras, Ruivas ou Morenas, que era apresentado por mim, mas era realizado pela Ana Cristina, passava música interpretada só por mulheres de todos os géneros, desde Ellis Regina a Janis Joplin. A tendência era as pessoas pensarem que um programa apresentado por mim seria à partida de rock, que foi o que aconteceu com o Lança-Chamas, que era um programa de heavy metal.

Chegou a fazer programas em horário diurno?

Sim. O Som da Frente chegou a ser à tarde, durante dois anos. Mas não foi por vontade minha, o Luís Filipe Barros estava cansado e queria ter o horário da manhã e fiquei todo contente, porque passava a ter mais público. No entanto, o meu erro foi não ter alterado o conteúdo do programa, que não era apropriado para aquele horário.

Além de locutor foi também editor discográfico. Viu surgir nomes como Pedro Ayres de Magalhães ou os Xutos e Pontapés...

Entre outros. Editei o primeiro álbum dos Xutos, o 78/82, que faz 30 anos em Janeiro. Era já um grupo que se sentia que tinha tudo o que era necessário para vingar. Eram como um diamante em bruto que precisava de ser lapidado. O Pedro Ayres de Magalhães teve um trajecto diferente.

Detesta telemóveis. Ainda não tem um?

Tive de me render há dois anos, por motivos profissionais. Mesmo assim, esqueço-me dele

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