Wednesday, November 02, 2005

NO TEMPO DO VINIL

Campanha: "NÃO JOGUE SEUS VINIS FORA, VEJA QUANTO ELES PODEM VALER! MAS NÃO OS VENDA!"
Vou transcrever aqui por completo duas reportagens do JC, prumode sei que poucos leitores são seus assinantes e possuem senha. Superinteressante para os amantes do Vinil!

O caçador do vinil perdido
Publicado em 28.08.2005

Dono do Record collector dreams possui cerca de 8,5 mil discos de vinil raros em casa. Alguns podem custar até a “bagatela” de R$ 30 mil

JOTABÊ MEDEIROS - Agência Estado

Em Viena, Áustria, vive um ex-hippie de 56 anos que é considerado um Indiana Jones da música. Amparado por uma rede mundial de informantes, ele faz um trabalho incansável e heróico de arqueologia em busca de artefatos perdidos em territórios ermos do planeta. O nome dele é Hans Pokora, vulgo Caçador de Bolachas Perdidas.

Pokora é editor de um catálogo famoso entre os caçadores de raridades discográficas, o Record collector dreams, e possui cerca de 8,5 mil discos de vinil raros em sua casa. Álbuns dos quais, muitas vezes, nem os próprios autores têm cópias hoje em dia e cujo valor pode chegar a 10 mil euros (cerca de R$ 30 mil).

Como Indiana Jones, Pokora também cai em ciladas às vezes – já chegou a comprar um disco cobiçado, Forever amber, da Inglaterra, por US$ 6 mil, e depois descobriu que o álbum era uma porcaria. Mas também já “escavou” maravilhas, como o LP de garage rock Johnny Kendall & The Heralds, da Holanda, lançado em 1965. “Passei um feriado de dois dias ouvindo o disco, acho que rodei umas 50 vezes esse maravilhoso LP”, conta.

Hans Pokora não tem toca-CDs em casa, nem aparelhos de MP3. “Tenho só um velho gravador de fita e um toca-discos. Não tenho CD player nem MP3, não é o meu mundo.” Seu negócio é vinil. “O melhor investimento é o vinil em perfeitas condições, porque seu valor aumenta a cada ano. Os CDs não têm um valor real. Os velhos vinis são antiguidades e têm admiradores em todas as épocas.”

“Cerca de 20 anos atrás, viajei dois anos pelo mundo todo comprando discos. Estive na Ásia, Estados Unidos, Canadá, África, Austrália. Encontrei colecionadores em todos os países. Comecei minha coleção em 1975, quando eu comprava LPs de beat e garage.” Para Pokora, seu trabalho é uma boa maneira de ganhar dinheiro. “Discos de vinil raros são um grande investimento. Nos meus livros, muitos dos álbuns chegam a valer entre 5 mil e 10 mil”, afirma Pokora. Os seus catálogos estipulam um preço mínimo para que um disco raro ou “muito bom” entre na lista: 75.

Os maiores colecionadores e experts em raridades do País aprovam o trabalho de Pokora. “Tem capas maravilhosas nos livros. O gosto dele é meio bicho-grilo, meio ripongo, mas pelo menos ele promove uma valorização da música brasileira”, diz Luiz Carlos Calanca, do mítico selo e da loja Baratos Afins. “Conheço pessoas que compraram os discos depois de terem visto nos catálogos dele”, afirma.

O paranaense Anderson Carvalho Carrion, que possui cerca de 3 mil discos raros, diz que Pokora faz um trabalho essencial para o colecionador. “Todo colecionador quer ter algo que seja difícil para outro colecionador, essa é a essência das coleções” diz, acrescentando que não há especulação nessa atividade. “Ninguém compra para revender, compra para ter.”

Segundo Carrion, o vinil tornou-se o objeto de desejo por diversas razões: a arte das capas, o tamanho, o trabalho de informação dos encartes. “Se eu tiver a opção de escolher entre o CD e o vinil, sempre pego o vinil”, diz, lembrando o caso novíssimo da banda curitibana Feichecleres um trio de rock setentista que lançou seu trabalho em vinil e as cópias esgotaram-se na hora.

“Agora estou à procura de outro disco brasileiro raro para incluir no catálogo 5001, que estou finalizando”, diz Hans Pokora, que trabalha longe das gravadoras e companhias de discos e também sem apoio oficial. Entre seus discos brasileiros preferidos estão os de Sound Factory, Spectrum, Marconi Notaro, Lailson e Lula Côrtes (Satwa), Tobruk e Som Imaginário.

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